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Crise da JBS trava mercado do boi em Mato Grosso do Sul
19 de outubro de 2017 14:02
Crise da JBS trava mercado do boi em Mato Grosso do Sul

O anúncio da JBS de suspender, por tempo indeterminado, a compra e o abate nas suas sete unidades em Mato Grosso do Sul parou o mercado pecuário no Estado. De acordo com o vice-presidente da Associação de Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Laucídio Coelho Neto, as incertezas fizeram com que praticamente nenhum novo negócio fosse fechado em todo o Estado um dia depois da notícia da paralisação do grupo.

 “Por enquanto, está muita confusão. Não temos uma luz no fim do túnel e ninguém sabe ao certo o que fazer. Os negócios estão praticamente parados em todo o Estado. Temos bois vendidos para esta semana, mas novos negócios já não existiram”, destacou. Essa paralisação do mercado, explicou Coelho Neto, não se deve só às incertezas do setor, mas também está relacionada à pressão já iniciada para baixar o preço da arroba.

“É a lei da oferta e da procura. Sem a JBS, que tem uma fatia grande de mercado, os outros frigoríficos estão aguardando oportunidades melhores ou já começaram a tentar baixar os preços. Eles ofertam um preço menor e, em um primeiro momento, o produtor recusa. Com isso, os negócios não são fechados. Como não há negócios fechados, não há como estimar o preço da arroba. Mas já está ocorrendo pressão em cima dos produtores”, disse. O preço médio do boi gordo no Estado era de R$ 133 até ontem.

 A reação do mercado já no primeiro dia depois da paralisação da JBS mobilizou o setor produtivo. Nesta quarta-feira, foi oficializado pedido ao governo do Estado para que reeditasse decreto que reduz de 12% para 7% da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a comercialização do gado em pé para outros estados.

O pedido tem apoio da Acrissul e da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). “Mais uma vez, dado o momento delicado pelo qual o setor tem passado, com um cenário de baixa liquidez e de dificuldades de comercialização dos animais na pecuária, pedimos ao governo do Estado que avalie com atenção a possibilidade de redução da alíquota do imposto, para oportunizar o escoamento dos animais que temos prontos para o abate”, explicou Mauricio Saito, por meio de nota.

O presidente da Famasul também destacou o impacto social do anúncio: “A medida poderá atingir 15 mil empregados de forma direta e 60 mil de forma indireta”. De acordo com Coelho Neto, a medida seria uma ajuda para o setor pecuá- rio. “Trata-se de uma ajuda. Essa medida beneficia mais quem está perto da divisa com estados como Paraná ou São Paulo. Mas não resolve por definitivo, quem está no interior do Estado, por exemplo”, destacou.

RESULTADO

O ICMS reduzido encerrou-se no dia 31 de setembro. O objetivo era reduzir o volume de animais prontos nos pastos e, consequentemente, dar fôlego ao setor produtivo diretamente impactado pelos escândalos envolvendo a JBS – em decorrência da Operação Carne Fraca e da delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista (hoje, presos). Nestes três meses, foram comercializados para outros estados 95,623 mil animais prontos para o abate, o que corresponde a uma média de 31,87 mil animais ao mês. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Fazenda, foram 44,016 mil animais vendidos no primeiro mês do decreto (julho), 30,073 mil animais no segundo (agosto) e 21,534 mil animais no último mês de ICMS reduzido (setembro). O resultado da redução da alíquota foi um aumento de 410,83% em comparação ao mesmo período do ano passado.

De julho a setembro de 2016, segundo a Famasul, o Estado havia destinado 18,719 mil animais para serem abatidos em outros estados brasileiros.

No mês de setembro de 2016, por exemplo, foram somente1,537 mil animais comercializados. Com uma nova crise na JBS, a Famasul pediu novamente a redução como uma alternativa para amenizar a instabilidade vivida pelo setor. Ainda segundo a federação, o secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, informou que o governo está atento à demanda do setor produtivo.

“O Estado de Mato Grosso do Sul trabalha para a criação de um ambiente em que as empresas de todos os setores tenham competitividade. Esta é uma situação atípica e estamos atentos à demanda do setor produtivo para minimizar qualquer impacto que possa vir a ter”.


Correio do Estado






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