Taxa básica Selic baixou para 7% ao ano, atingindo mínima
histórica
A taxa Selic atingiu sua mínima histórica nesta quartafeira,
ao chegar a 7% ao ano, em decisão unânime e esperada pelo mercado. Os juros
médios cobrados pelos bancos, porém, seguem distantes de seus menores níveis.
Essa diferença deve ficar ainda maior em fevereiro, sinalizou o Banco Central,
quando haverá novo corte, mesmo que seja em ritmo menor, caso seu cenário
básico para a economia evolua conforme o esperado.
“Para frente, o Comitê entende que o atual estágio do ciclo
recomenda cautela na condução da política monetária”. Para explicar a diferença
entre a trajetória da Selic e os juros cobrados do consumidor, os bancos usam
como principal argumento o aumento do calote em decorrência da recessão. Isso
tem sido válido para as empresas, mas, nos empréstimos pessoais, a
justificativa não vale.
O exemplo mais expressivo é o do juro cobrado em empréstimos
pessoais. Em outubro, dado mais recente do Banco Central, a taxa estava em 132%
ao ano, para uma inadimplência de 8%. Chama atenção, no entanto, que no piso,
em novembro de 2012, o juro era de 66,3% e a inadimplência de 8,8%.
No caso das empresas, as taxas médias subiram acompanhando a
alta dos calotes. A taxa em outubro era de 23,3%, para inadimplência de 5,2%.
Em dezembro de 2012, quando atingiu a sua mínima, a taxa era de 18,7% e o
calote de 3,6%. Além da inadimplência, o custo de manter uma estrutura
bancária, exigências regulatórias do Banco Central e a elevada incidência de
impostos – a tributação sobre o lucro chega a 45% – também são citados pelos
bancos como fatores que mantêm os juros elevados, a despeito da queda da Selic.
CONCENTRAÇÃO
Para especialistas, porém, o motivo para a diferença pode
estar na concentração do setor bancário no País – as cinco maiores instituições
financeiras detêm 70% dos ativos totais do mercado. “Há uma forte concentração
de crédito pelos principais bancos, logo, não seria difícil intuir que há um
acordo tácito em manter os juros elevados para o consumidor”, diz João Augusto
Salles, da consultoria Lopes Filho. José Francisco Gonçalves, economista-chefe
do Banco Fator, concorda.
“A inadimplência
sempre faz parte, é maior ou menor dependendo do ciclo, mas pesa menos do que a
participação do lucro nesse spread”. O spread bancário é a diferença entre a
taxa de juros que o banco capta e a que ele empresta. Para Luis Miguel
Santacreu, analista da Austin Rating, os bancos têm pouca concorrência e o
consumidor não tem muito para onde ir se quiser barganhar taxa de empréstimo.