Governador recomendou à cúpula partidária que converse com
todos os partidos
Uma das negociações políticas conduzidas pelos dirigentes do
PSDB com muita cautela é a aliança com o MDB. Hoje, o exgovernador André
Puccinelli está com a pré-campanha nas ruas e tem o atual governador tucano,
Reinaldo Azambuja, e o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PDT) como
principais adversários políticos. Mas isso não está inibindo os tucanos de
investir no MDB. Azambuja tem muito interesse nesse acordo, até porque tem
afinidade com a maioria da bancada parlamentar na Assembleia Legislativa.
“A base do MDB está nos apoiando na Assembleia Legislativa”,
comentou Azambuja. Ele recomendou, com isso, a cúpula do PSDB a buscar aliança
com o partido. O primeiro passo será convencer André a desistir de concorrer às
eleições. Hoje, o ex-governador está determinado a conquistar o terceiro
mandato, depois de revés provocado por denúncias de corrupção. Mesmo diante de
investigações, André está entre os principais nomes para a sucessão estadual.
Mas quem deverá falar com o ex-governador sobre aliança é o presidente regional
do PSDB, deputado estadual Beto Pereira. Para Azambuja, em política, não se
pode fechar as portas para ninguém, nem fazer restrições a partidos.
O MDB entrou no radar
do PSDB para unir esforços nas eleições deste ano, por considerar a importância
da força política do partido de André Puccinelli. Os dois partidos já foram
grandes aliados em vários embates eleitorais. Os tucanos sempre viveram à
sombra do então PMDB e só declararam independência nas eleições de 2012, com
Azambuja na presidência regional, quando concorreu à Prefeitura de Campo Grande
e por pouco não tirou o candidato de André, Edson Giroto, do segundo turno.
Os dois partidos
acabaram rompendo relações em 2012. O PSDB se consagrou nas eleições de 2014,
com a vitória de Azambuja para o governo do Estado, derrotando o então favorito
senador Delcídio do Amaral (PT) e o ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB), candidato
de André. Depois de triunfar nas urnas, Azambuja buscou se aproximar dos
deputados estaduais do PMDB (hoje MDB) e se tornaram aliados na Assembleia
Legislativa.
Essa parceria permanece até hoje, com Junior Mochi
presidindo o Poder Legislativo com apoio do PSDB desde a posse de Azambuja no
cargo de governador. A proposta de Azambuja é estender esse apoio na Assembleia
à aliança para a sua reeleição como governador. “Defendo entendimento com o
MDB”, afirmou o governador. E ressaltou estar “nas mãos do partido” a missão de
fechar acordo com os emedebistas para a sucessão estadual.
Azambuja admitiu ter conversado com dirigentes de vários
partidos, inclusive com antigos rivais, sobre o processo eleitoral. “Dialogamos
até com o PT”, afirmou o governador. Mas isso não significa compromisso de
apoio à sua reeleição em razão de proibição imposta pela direção nacional dos
dois partidos de fechar acordo.
“A aliança com o PT é
vedada”, enfatizou. Mesmo assim, o governador vem atendendo o pleito dos
parlamentares petistas por não “fazer restrições a ninguém”. Azambuja confirmou
também estar com as negociações avançadas com o PTB. “Estamos conversando com
Nelsinho [Trad]”, declarou o governador. O ex-prefeito de Campo Grande e
presidente regional do PTB busca fechar aliança em troca de vaga para o Senado.
Nas últimas pesquisas divulgadas, ele liderava a preferência do eleitorado de
Mato Grosso do Sul em uma eventual disputa para senador.