Mato Grosso do Sul tem, atualmente, a segunda maior floresta
plantada do País em área, perdendo apenas para Minas Gerais, e caminha para
assumir a liderança no setor. A chegada das indústrias de celulose na região de
Três Lagoas impulsionou a atividade: são 1,091 milhão de hectares plantados com
eucalipto, outros 21 mil ha de seringais e mais 7,5 mil ha com pínus, conforme
o último levantamento disponível.
Diante desta
importância do segmento, foi reativada na semana passada a Câmara Setorial de
Floresta, com a presença de empresários ligados a entidades de classe e
representantes de instituições e órgãos públicos estaduais. O secretário Jaime
Verruck falou da importância crescente do setor para a economia, podendo levar
o Estado a ter a maior floresta plantada do País nos próximos anos, e que na
mesma proporção vêm os desafios e as demandas que precisam ser enfrentados.
A Câmara foi reativada com a participação de importantes
entidades e instituições, como o Sindicato da Indústria de Carvão, a Embrapa, o
Ibama, a Famasul, Associação de Produtores de Borracha, Associação
Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas (Reflore-MS) e
Imasul, empresas de consultoria e outras associações ligadas ao setor
florestal. Para presidir a Câmara, foi eleito por unanimidade o presidente da
Reflore-MS, Moacir Reis, enquanto na Secretaria Executiva ficou Francisco
Pacca, da Semagro.
Câmara Técnica
Nesta primeira reunião foi criada, ainda, uma câmara técnica
para discutir a viabilidade de aproveitamento do material lenhoso disponível no
Estado, proveniente de autorizações de supressão vegetal, mas que, em razão de
uma série de entraves legais, não pode ser transformado em carvão, seu destino
mais apropriado. Estima-se que nos últimos cinco anos 11 mil metros cúbicos de
material lenhoso tenham sido disponibilizados no Estado e aguardam uma
definição para aproveitamento.
A Câmara Técnica, composta de sete membros da Câmara
Setorial de Floresta, vai levantar esse problema, estudar e propor soluções.
“Hoje, a fabricação de celulose consome cerca de 500 mil hectares de florestas
de eucalipto, metade da área plantada no Estado. Temos terras ainda com preço
bom, temos chuvas bem distribuídas no Estado, temos logística e uma política
ambiental favorável, o licenciamento simplificado, que oferece rapidez e
eficiência”, explica Moacir Reis.
Para ele, o setor precisa caminhar sozinho e a criação da
Câmara é um passo importante nesse sentido. “O governo participa, mas algumas
pautas o setor produtivo tem de encontrar a solução sozinho para realmente
poder resolver os problemas”, disse o presidente da Câmara Setorial, porém,
ressaltando a condução do processo pelo governo. “O apoio da Semagro é
fundamental para podermos trabalhar e desafogar o produtor, que muitas vezes
tem dificuldade de entrar no negócio, comercializar.”
Moacir Reis citou alguns entraves de curto prazo que
precisam ser resolvidos. “Por exemplo, hoje não temos um preço para a madeira
de eucalipto definido no Estado. A gente vai poder dar referência para o produtor
sobre entidades que já estão no mercado para poder definir alguns assuntos que
são polêmicos. Incêndios florestais, o Estado não tem estrutura para poder
combater incêndio, as empresas têm alguma dificuldade nisso.”
Heveicultura é promessa na geração de emprego
O superintendente de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia,
Produção e Agricultura Familiar da Semagro, Rogério Beretta, salientou o
potencial gerador de empregos da produção de borracha, uma atividade nova no
Estado, mas que tem crescido rápido. “Cada trabalhador consegue cuidar de 3 a 5
hectares de seringal. Já temos 21 mil hectares plantados, o que demanda entre 5
e 6 mil trabalhadores, e não temos esse pessoal qualificado”, apontou.
As Câmaras Setoriais foram instituídas como uma estratégia
essencial na gestão de cadeias produtivas e coordenação dos programas da
Semagro, como fórum de apoio no direcionamento e na operacionalização das ações
desenvolvidas, proporcionando um processo de articulação e integração
institucional, visando parcerias na elaboração e execução de projetos e ações
de interesse do setor.
Estão em plena atividade as Câmaras Setoriais Consultivas da
Avicultura e Estrutiocultura, da Suinocultura, da Ovinocaprinocultura, da
Apicultura, da Bovinocultura de Leite, da Horticultura, da Bovinocultura e
Bubalinocultura, da Cadeia Produtiva Mineral e, agora, a Câmara Setorial de
Floresta.