(Vale esta legenda) Presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e Maíza Goulart, diretora-executiva do Cenpes. Foto: Fernando Gregio
Parceria prevê estudos de matérias-primas renováveis, visando à produção de biocombustíveis e o desenvolvimento de novos produtos fertilizantes
A Petrobras e a Embrapa assinaram, nesta sexta-feira (6/9), no Rio de Janeiro (RJ), termo de cooperação para desenvolver estudos técnicos em matérias-primas renováveis para obtenção de produtos de baixo carbono, incluindo biocombustíveis, química verde e fertilizantes.
A parceria envolve o desenvolvimento pela Petrobras de soluções tecnológicas e a implantação de unidades industriais para produção de biocombustíveis e bioprodutos.
Em contrapartida, a Embrapa desenvolve um protocolo de culturas agrícolas de baixo carbono, como a soja, envolvendo técnicas agrícolas racionais, como o protocolo de certificação dessa cultura.
O termo de cooperação também inclui o desenvolvimento de culturas alternativas à soja, culturas de entressafra e consorciadas, como o milho safrinha, carinata (espécie de oleaginosa), entre outras opções que refletem o leque de opções para agroenergia nos diferentes biomas e sistemas de produção do País.
“A diversificação e o acesso a matérias-primas com sustentabilidade, qualidade e custo adequados são fundamentais para o sucesso dessas iniciativas, como os biocombustíveis.
Além disso, a companhia tem interesse em ofertar produtos fertilizantes para aumentar a disponibilidade no mercado nacional, bem como atender as metas do Plano Nacional de Fertilizantes.
A Embrapa possui expertise necessária para ajudar a alavancar esses projetos”, disse a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
“Para a Embrapa, a retomada da parceria com a Petrobras é estratégica para potencializar suas contribuições para os produtores rurais e para políticas públicas nacionais e internacionais, principalmente em bioeconomia e desenvolvimento sustentável”, declarou Silvia Massruhá, presidente da empresa. Ela lembrou que, em 2023, o Brasil atingiu a marca de 100 milhões de Créditos de Descarbonização (CBIOS) emitidos, o que resultará em até R$1,2 trilhão, entre investimentos e economia nos próximos dez anos.
“Isso foi possível graças à Renovacalc, ferramenta desenvolvida pela Embrapa e fundamental na Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), conduzida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)”, relatou Massruhá.
“Essa parceria está focada em temas que são estratégicos para o País, como é o caso da dependência brasileira da importação de matérias-primas de fertilizantes. Nos últimos anos o Brasil tem importado mais de 80% do NPK que utiliza para a produção de alimentos, ou seja, nós temos segurança alimentar, mas não temos soberania alimentar. Assim como na outra vertente da cooperação, da transição energética, na qual iremos em conjunto olhar para as grandes oportunidades que a agricultura oferece em termos de matrizes de matérias-primas para produção de combustíveis verdes, inclusive levando em conta as potencialidades regionais”, complementou Clenio Pillon, diretor de Pesquisa e Inovação da Embrapa.
Fertilizantes: fomento a novos produtos
Em relação ao setor de fertilizantes, o objetivo da parceria é fomentar o desenvolvimento de novos produtos e sua inserção no mercado do agronegócio, como fertilizantes com base em ureia de maior valor agregado, fertilizantes mistos, adubos com granulometria diferenciada e novos insumos sustentáveis com menor impacto ambiental.
Essas iniciativas visam pavimentar a retomada do negócio pela Petrobras e preparar a empresa para um futuro de descarbonização.
A Embrapa é considerada uma parceira importante tanto no desenvolvimento quanto na comprovação da eficiência agronômica desses produtos, e com isso espera-se viabilizar a oferta e o uso pelos agricultores dessas inovações, propiciando fertilizantes adaptados às culturas e solos do País, que permitirão safras com maior produtividade.
“Fazem parte dessa parceria temas como o biometano e biogás, no contexto do Plano Setorial para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária, bem como a formação de redes de pesquisa e desenvolvimento em matérias-primas mais sustentáveis”, revelou Silvia Massruhá.
“Acreditamos que os dados técnicos e científicos serão de extrema importância no desenvolvimento de novos produtos para o mercado de fertilizantes.
A Petrobras está empenhada em desenvolver novas soluções para atender esse setor tão estratégico para o Brasil”, afirmou Chambriard.
O investimento em fertilizantes voltou a fazer parte do portfólio da Petrobras, conforme o Plano Estratégico (PE) 2024-2028.
A empresa anunciou, em agosto, a retomada das atividades da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A. (ANSA), em Araucária (PR), e com isso dá início à sua operação para produção de ureia, ARLA 32 (Agente Redutor Líquido Automotivo) e Amônia em território nacional já no primeiro semestre de 2025.
Cenpes
O termo de cooperação foi assinado no Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) da Petrobras, que construirá em conjunto com a Embrapa o plano de trabalho e os projetos que irão compor a iniciativa.
Participaram do ato a diretora executiva do Cenpes, Maiza Goulart; o gerente executivo de Comercialização no Mercado Interno da Petrobras, Sandro Barreto, e o gerente executivo de Processamento da Gás Natural da empresa, Wagner Felicio; a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e o diretor de Pesquisa e Inovação da empresa, Clenio Pillon; além dos chefes gerais dos três centros de pesquisa da Embrapa no Rio de Janeiro, Daniel Vidal Pérez (Embrapa Solos), Cristhiane Amancio (Embrapa Agrobiologia) e Edna Oliveira (Embrapa Agroindústria de Alimentos).
“Essa parceria é um marco não apenas pela sua relevância tecnológica, mas também pelo impacto direto que terá no negócio da Petrobras e no agronegócio brasileiro. Estamos confiantes de que, com a parceria da Embrapa, vamos não somente desenvolver produtos de alta performance, como também ampliar nossa contribuição para um futuro mais verde e eficiente para o País”, concluiu Maiza Goulart.